Santa Catarina,
filho do rei Costus e da rainha Sabinela, nasceu em Alexandria, no Egito, no
fim do século III. Distinguia-se por sua inteligência epor sua beleza. Era pagã
comoseus pais. Dois sábios de Alexandria foram os seus mestres e, tão rápidos
foram seus progressos, que aos treze anos era mestra nas sete artes livres:
eloqüência, poesia, música, arquitetura, escultura, plástica e coreografia.
Quando seu pai, rei Costus, faleceu, Catarina retirou-se com sua mãe
Sabinela para as montanhas da Cilícia. Sabinela encontrou-se com um eremita
cristão chamado Ananias que a instruiu na fé cristã. Sabinela aderiu à Jesus
Cristo e recebeu o Batismo. Como verdadeira cristã, desejou que também a sua
filha Catarina conhecesse o Cristianismo e se tornasse discípula de Jesus
Cristo. Catarina, porém, resistia às insistências da mãe. Um sonho
significativo que tiveram mãe e filha foi o meio empregado por Deus para chamar
Catarina à verdadeira fé. Desejosa de conseguir aquilo que o sonho lhe
prometera, instruiu-se nas verdades da religião cristã. Suficientemente
preparada, Catarina recebeu o batismo.
Catarina – Serva e
Apóstola de Jesus Cristo
Príncipes de diversas regiões que ouviam falar da sabedoria e da beleza
de Catarina, desejavam casar-se com ela. Catarina, porém, foi radical em sua
decisão de renunciar ao casamento e a todas as honras e riquezas da terra, para
servir exclusivamente a Jesus Cristo. Era ousada em combater os deuses pagãos e
em falar ao povo do Deus verdadeiro. Com apenas dezoito anos, em discussão
pública, confundiu os maiores filósofos da cidade em que morava.
Catarina –
defensora dos cristãos
No ano de 307, o imperador Maxêncio decretou uma perseguição aos
cristãos de Alexandria. Para conseguir o seu objetivo promoveu uma festa no
templo dos deuses e convocou todo o povo para oferecer incenso aos ídolos. Por
medo da morte, os cristãos, viam-se constrangidos a oferecer incenso a estes
deuses em quem não acreditavam. Ciente destes acontecimentos, Catarina que
temia unicamente a Deus, enfrentou o imperador Maxêncio. Ele procurou
confrontar as afirmações de Catarina e lhe provar que o Cristianismo era um
absurdo. A jovem corajosa ficou inabalável em sua fé.
Catarina –
vencedora de uma disputa com sábios
Ante a firmeza de Catarina, o imperador convocou os sábios do Império
para uma disputa com a jovem Catarina. No dia combinado os sábios compareceram
ao palácio real. Catarina também se apresentou. Maxêncio no seu trono e grande
número de alexandrinos assistiam à disputa. Os sábios expuseram a sua doutrina
em defesa da autoridade dos deuses. O auditório aplaudiu. Catarina falou da
Divindade eterna, Criador do céu e da terra, e da humanidade do Verbo. Sua
firmeza e a clarividência de tudo o que afirmava, abalou as convicções dos
sábios e todos passaram a acreditar em Deus. Muitas pessoas presentes ao
debate, também se converteram ao cristianismo. Maxêncio, enfurecido com os
sábios que reconheceram a falsidade dos deuses, mandou que todos eles fossem
queimados vivos em praça pública.
Catarina,
encarcerada
Por ordem de Maxêncio, Catarina foi encarcerada. No dia seguinte, o
imperador mandou chamá-la à sua presença. Apaixonado por sua beleza procurou
conquistá-la por meio de adulações e propostas. Prometeu até dedicar-lhe um
templo. Destemida, Catarina permaneceu firme em sua fé. Decepcionado, Maxêncio
ordenou que a flagelassem e a deixassem no cárcere sem comer e sem beber.
Conversão da
Imperatriz e do General Porfírio
Num sonho, a imperatriz viu Catarina no cárcere, rodeada de luz e
assistida por pessoas vestidas de branco. Pediu então ao General Porfírio que a
levasse ao cárcere. O General que já havia perdido a fé nos deuses dos pagãos e
se inclinava a aderir ao Cristianismo, atendeu prontamente o pedido da
imperatriz. Chegaram ao cárcere durante a noite e a viram iluminada por grande claridade.
Foi para ambos a hora da graça de Deus. Conversaram longamente com Catarina. A
adesão a Cristo, esclarecida e corajosa, foi o fruto deste encontro. Catarina
animou-os a se prepararem para as consequências de sua decisão, inclusive para
o martírio. Pofírio comandava a primeira corte dos guardas imperiais: 500
homens. Confirmado na fé, anunciou aos seus soldados a Boa Nova de Jesus.
Muitos se converteram.
Rodas despedaçadas
Catarina passou doze dias na prisão. Foi então convocada a comparecer ao
tribunal. O imperador ficou surpreso ao vê-la mais bela do que antes, apesar do
jejum e da flagelação. Ordenou que os guardas fossem castigados se não
revelassem quem a havia socorrido na prisão. Para defender a vida dos guardas,
Catarina declarou: “se estou com boa aparência, é porque Aquele que eu
confessei diante de ti dignou-se alimentar a mim com pão celestial”. Mais
irritado ainda, Maxêncio acusou-a de feiticeira e ordenou que fosse torturada e
assassinada. A caminho do suplício, Catarina converteu a muitos que insistiam
com ela para que atendesse aos desejos do imperador.
Foi então que um alto funcionário da corte teve uma idéia diabólica. Ele
foi ter com o imperador e propôs que Catarina fosse condenada ao suplício da
máquina com facas e pontas de ferro em quatro grandes rodas que, ao se
movimentarem em sentidos diversos umas das outras, despedaçariam o corpo
colocado no meio delas. A máquina foi colocada na praça pública e Catarina foi
trazida para o local. Enquanto preparavam o suplício, Catarina permaneceu
tranquila, em oração. Ao terminar a oração, eis que um Anjo desceu do céu num
turbilhão e quebrou a máquina com tal ímpeto que os pedaços se projetaram sobre
os algozes. Algumas pessoas morreram atingidas pelos pedaços das rodas, e
outras, pelo raio. Por esse motivo a Roda Quebrada passou a ser o símbolo de
Santa Catarina de Alexandria. Após este acontecimento Catarina retornou à
prisão.
Martírio da
imperatriz e do General Porfírio
A imperatriz foi ter com seu marido e lhe disse: “por que lutas contra o
Senhor meu Deus? É uma loucura te ergueres contra o Criador! Pensas que terás
êxito? Reconhece, ao menos agora, nas rodas quebradas, o poder do Deus dos
cristãos”. Irritado por ver que sua esposa professava a fé em Jesus Cristo,
ordenou aos carrascos que a levassem ao lugar do suplício para ser martirizada.
Na manhã seguinte, o imperador ficou sabendo que o General Porfírio e seus
soldados haviam embalsamado e sepultado o corpo da imperatriz. Encolerizado,
ordenou que Porfírio e seus soldados fossem decapitados e que seus corpos
fossem devorados pelos cães.
Catarina, mártir
gloriosa
Alguns dias depois, o imperador Maxêncio pediu que lhe trouxessem
Catarina e lhe disse: embora sejas mais culpada do que todos aqueles que,
seduzidos por teus feitiços, incorreram, por tua causa, à sentença de morte,
todavia, se te arrependeres e ofereceres incenso aos nossos deuses onipotentes,
poderás reinar feliz conosco e ser nomeada a primeira dama em nosso império.
Catarina desprezou as promessas do imperador e lhe declarou ser fiel a Jesus
Cristo. Maxêncio então ordenou que fizessem Catarina sair de sua presença e que
fosse imediatamente decapitada.
Quando Catarina se dirigia ao lugar do martírio, viu a multidão que a
seguia e que muitos choravam. Disse-lhes: “se alguma piedade natural vos comove
a meu respeito, peço-vos: alegrai-vos comigo, pois vejo Nosso Senhor Jesus
Cristo que me chama. Ele é a soberana recompensa dos Santos, a beleza e a coroa
das Virgens”. Pediu ao carrasco que lhe desse tempo para orar. Após a oração
Catarina estendeu o pescoço e disse ao algoz: eis que Nosso Senhor Jesus Cristo
me chama! Faze o que tens a fazer! Então o algoz, de um só golpe, decepou-lhe a
cabeça.
Veneração a Santa Catarina
Segundo a tradição, religiosos que moravam no Sinai sepultaram o corpo
de Catarina no mais alto pico do Monte Sinai. Este pico passou a ter o nome de
“Monte Katharin”. No século VI, o imperador Justiniano ordenou a construção da
Igreja e do Mosteiro de Santa Catarina, no Monte Sinai. A veneração a Santa
Catarina teve novo impulso quando o seu corpo foi descoberto no Monte Katharin,
no século VIII. Os monges o colocaram em caixa de ouro. Atualmente estas
relíquias se encontram num sarcófago de mármore, na Igreja do Mosteiro de Santa
Catarina. Numerosas Igrejas e Capelas são colocadas sob sua proteção.
Santa Catarina é venerada como Padroeira da Congregação das Irmãs de
Santa Catarina. Também é Padroeira dos jovens, das universidades, da corporação
dos moleiros e dos fabricantes de carros. Sua festa é celebrada no dia 25 de
novembro.
Oração a Santa Catarina
Gloriosa Santa
Catarina, modelo de virtude, por aquela fé que vos animava desde a mais tenra
idade e que vos fez tão agradável aos olhos de Deus, que mereceste não só a
coroa do martírio, mas que também confundistes os sábios deste mundo e os
convertestes a Cristo, alcançai-nos a graça de conservarmos em nossos corações
a fé, em toda a sua pureza e de nos confessarmos cristãos não somente por
palavras, mas também por obras, para que Jesus, de quem damos testemunho diante
dos homens, nos confesse e glorifique diante do Pai.
Ó Santa Catarina, Virgem forte na fé, por aquela constância com que
conservastes vossa consagração a Cristo, no meio do mundo corrompido,
alcançai-nos de Deus o espírito de fortaleza para vencermos todas as tentações
e nos conservarmos puros de coração.
Ó Virgem ardente no amor, por aquela força que abrasava o vosso coração
na fidelidade ao amor de Deus e à missão para a qual Deus vos chamou e que vos
fez suportar tantos sofrimentos e torturas, alcançai-nos de Deus a graça que
purifica o nosso amor, para que possamos um dia participar da mesma glória que
merecestes pelo vosso martírio. Amém.